Hemibalismo

Hemibalismo são movimentos involuntários abruptos, frequentemente violentos, envolvem mais a musculatura proximal do que distal e predominam nos membros superiores. Normalmente o Hemibalismo e outros movimentos atetósicos são causados por lesão no núcleo Subtalâmico de Luys contralateral (normalmente são unilaterais) decorrentes de trauma ou infarto. Pela tendência à resolução espontânea deve-se aguardar por 2 ou 3 meses antes de se indicar uma correção cirúrgica, excetuando para os casos de violência que coloca o paciente em risco. Os alvos cirúrgicos podem ser tanto o próprio núcleo subtalâmico, ou a zona incerta (campotomia) ou o núcleo VIM talâmico de Hassler. Os resultados cirúrgicos satisfatórios estão em torno de 70% nas grandes séries. Patrícia Coral relata oito casos de hemibalismo.

Seis deles em pacientes com diabetes mellitus; um em paciente com encefalomalácia pós trauma crânio-encefálico; e um em paciente com granuloma fúngico (criptococo) subtalâmico associado a SIDA. Entre os pacientes com diabetes mellitus, três apresentavam hiperglicemia não cetótica, dois dos quais com hemorragias nos gânglios da base, e três acidente vascular encefálico isquêmico. Em 75% dos casos ocorria também hemicoréia, com acometimento predominante do dimídio direito. Do total de pacientes seis apresentaram boa resposta clínica ao tratamento farmacológico com neurolépticos. Dois pacientes foram submetidos a talamotomia estereotáxica, um dos quais apresentou remissão completa do hemibalismo. Nessa série de oito pacientes com hemibalismo houve predominância da associação com diabetes mellitus e acidente vascular encefálico, e boa evolução clínica.

Hiperatividade

A Hiperatividade (aumento da atividade) é um dos transtornos mentais mais freqüentes nas crianças em idade escolar, atingindo 3 a 5% delas. Seu nome correto é Transtornos de Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH). Apesar disto, o TDAH continua sendo um dos transtornos menos conhecidos por profissionais da área da educação e mesmo entre os profissionais de saúde. Há ainda muita desinformação sobre esse problema. Este desconhecimento freqüentemente acaba levando à demora no diagnóstico e no tratamento dos portadores do TDAH, os quais acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua situação pode ser (facilmente) tratada.

O TDAH é responsável por enorme frustração dos pais de portadores desse distúrbio. Uma das angústias experimentadas por eles é que os pacientes diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". Devido à série de problemas psicológicos, sociais, educacionais e até mesmo criminais que pode ocorrer como conseqüência do não tratamento do TDAH, é muito importante que os profissionais da área de saúde mental e educação, além das famílias, estejam pelo menos informados sobre a existência do TDAH e os seus principais sintomas. Por outro lado, ainda é comum encontrar entre leigos, a noção de que a criança hiperativa seja apenas malcriada, ou mal educada pelos pais. Este tipo de acusação freqüentemente resulta em sensação de fracasso pelos pais. Por isso, é muito importante que os profissionais estejam preparados para suportar e desfazer este mito.

Hiperestesia/Hipoestesia Hiperestesia

Hiperestesia sensorial é o aumento da intensidade das sensações. A hiperestesia se acompanha, em geral, de exaltação dos reflexos tendinosos, maior excitabilidade da sensibilidade fisiológica e aceleração do ritmo dos processos psíquicos. Nos estados de grande ansiedade, de fadiga ou esgotamento, por exemplo, onde a capacidade adaptativa está comprometida, a audição e o tato podem estar aumentados. A hiperestesia sensorial é freqüente nos pacientes afetivos, nos neuróticos, nos estados de excitação maníaca, no hipertiroidismo, no tétano, na raiva (hidrofobia), nos acessos de enxaqueca e, ocasionalmente, em alguns casos de epilepsia.

Hipoestesia

Hipoestesia sensorial é a diminuição da sensibilidade. Na maioria dos estados de depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos sensoriais, embora a propriocepção possa estar aumentada. Nesses casos há diminuição dos reflexos tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e lentidão dos processos psíquicos. Pode haver diminuição da sensibilidade sensorial em função de fatores emocionais, como no caso citado acima das depressões, também em situações neurológicas, como o estupor, nas síndromes que se acompanham de obnubilação da consciência, nos estados infecciosos e pós-infecciosas e em períodos pós-trauma.

Hiperprosexia

Hiperprosexia é uma alteração da atenção. Apesar do prefixo "hiper", na realidade há aqui prejuízo da Atenção. O "hiper" refere-se ao aumento quantitativo da Atenção. Como, em termos de Atenção, a quantidade pode ser tida como contrária à qualidade, esse tipo de alteração da Atenção se caracteriza por uma extrema labilidade da Atenção (voluntária ou tenaz), o que leva o indivíduo a se interessar, simultaneamente, para as mais variadas solicitações sensoriais, sem se fixar sobre nenhum objeto determinado. Refere-se, pois, a uma hiperatividade da Atenção espontânea.

Esta super-vigilância acompanhada de sub-tenacidade da Atenção é observada em estados patológicos acompanhados de excitação psicomotora, como é o caso do Episódio de Mania (euforia), no Transtorno Hipercinético da Infância, nas intoxicações exógenas por estimulantes como a cocaína ou anfetaminas, na embriaguez, na esquizofrenia ou mesmo em pessoas normais passando por momentos de grande excitação.

Hipersonia

A característica essencial da Hipersonia Primária consiste de sonolência excessiva por um período mínimo de 1 mês, evidenciada por episódios prolongados de sono ou por episódios de sono diurno ocorrendo quase que diariamente. Em indivíduos com Hipersonia Primária, a duração do principal episódio de sono (para a maioria dos indivíduos, sono noturno) pode variar de 8 a 12 horas, sendo freqüentemente seguido por dificuldade de despertar pela manhã. A qualidade do sono noturno é normal. A sonolência excessiva durante as horas normais de vigília assume a forma de cochilos intencionais ou episódios inadvertidos de sono. As medições objetivas demonstram sonolência fisiológica aumentada.

Os cochilos diurnos tendem a ser relativamente prolongados (em geral de uma hora ou mais), são vivenciados como não reparadores e com freqüência não levam a um melhor estado de vigília. Os indivíduos tipicamente sentem o desenvolvimento da sonolência ao longo de um certo período de tempo, ao invés de sentirem um súbito "ataque" de sono. Episódios de sono não intencionais ocorrem em situações de baixa estimulação e baixa atividade (por ex., durante palestras, leitura, assistir à televisão ou dirigir por longas distâncias). O sono noturno prolongado e a dificuldade em despertar podem acarretar dificuldades no cumprimento de obrigações matinais. Os episódios de sono involuntário durante o dia podem ser embaraçosos e até mesmo perigosos se, por exemplo, o indivíduo está dirigindo ou operando máquinas quando ocorre o episódio. O baixo nível de alerta que ocorre enquanto um indivíduo combate o sono pode levar a uma redução da eficiência, da concentração e da memória durante atividades diurnas. A sonolência, em geral atribuída erroneamente ao tédio ou à preguiça, também pode perturbar relacionamentos sociais e familiares.

Histeria

Histeria é o termo que designa genericamente as neuroses com sintomatologia corporal exuberante. Atualmente o termo Histérico tem sido substituído por Histriônico. Trata-se de uma neurose causada por conflitos psicológicos, e que se caracteriza pela hiperexpressividade somática ou corporal das idéias, imagens e afetos conflitantes e, normalmente, inconscientes. O termo é derivado do grego "histerum" (útero) porque, a princípio, pensou-se que essa doença se originava em distúrbios desse órgão). É um transtorno emocional caracterizado por um exagero considerável da sugestibilidade evidenciada por surpreendente plasticidade da personalidade.

Desse fato decorre uma série de manifestações funcionais de aparência orgânica, tais como, paralisias, perturbações sensoriais, crises nervosas, sono, catalepsia etc. E outros distúrbios psíquicos típicos: mitomania, onirismo, amnésia, automatismo psicomotor etc. Considerada como expressão orgânica de conflitos inconscientes, a histeria é a neurose de conversão dos psicanalistas ('funcionais' é quando a alteração se dá na função do órgão e não em sua anatomia). Estudos mais sistematizados sobre o assunto começaram com Jean Marie Charcot (I825-1893) que empreendeu uma investigação metódica dos sintomas histéricos graças ao método de observação clínica.

Para ele, o elemento degenerativo era a base comum de todos os seus sintomas. Bernheim, seu discípulo, concluiu que todos os fenômenos descritos pelo mestre como histéricos, podiam ser desenvolvidos por via sugestiva. Assim sendo, a sugestão não constitui fenômeno propriamente histérico, fazendo parte, em maior ou menor grau, do acervo psicológico do homem. Babinski separa a histeria da patologia nervosa, aproximando-a da sugestão hipnótica, considerando-a como efeito da persuasão. Para ele, a essência da histeria é a auto-sugestão. Chegou a estabelecer como axioma que "histérico é tudo aquilo que vem pela sugestão e é removido pela persuasão".

Pierre Janet tentou estudar as relações entre histeria, hipnose e automatismo psicológico, desenvolvendo, sobre a primeira, os conceitos de "tensão psicológica", "dissolução" e "subconsciência". Esse abaixamento geral da tensão psicológica, fenômeno fundamental na histeria de Janet, constituía um defeito pessoal indicador de deficiência constitucional. Para ele, é a estrutura da consciência do histérico que está fundamentalmente alterada, possuindo uma atitude para viver intensamente as imagens e para hipnotizar-se por elas. Freud partiu da idéia que os sintomas se originavam no inconsciente dos enfermos. Mostrou, em síntese, que a maioria dos fenômenos histéricos provinha da repressão no inconsciente dos sentimentos, desejos e temores que expressam.

Mais tarde, a teoria ampliou-se com o recurso da idéia de "regressão", porque, para os contemporâneos, a neurose histérica está caracterizada desde sua estrutura inconsciente pela fixação e pela regressão à fase edipiana genital. A histeria, seria, então, uma neurose edípica. Consideram-se os sintomas multiformes da histeria em manifestações agudas, síndromes funcionais duradouros e manifestações viscerais. A personalidade histérica se encontra melhor definida nas mulheres que nos homens, possuindo seu caráter três aspectos fundamentais: sugestionabilidade, mitomania e alterações sexuais. Segundo os conceitos de Kretschmer, cada ser humano com um sistema nervoso débil ou numa situação extrema, pode produzir um ataque de estados histéricos. O prognóstico da histeria varia de caso para caso. Depende, também, das capacidades aparentes e das potencialidades pessoais, das oportunidades de gratificação oferecidas pela realidade e da capacidade individual de aproveitá-las.

Hidrocefalia

Hidrocefalia é o acúmulo anormal de líquido céefalo-raquidiano (líquor) no interior do crânio. Na criança pequena, com o acúmulo do líquido costuma haver uma dilatação dos ventrículos cerebrais, aumentando também o volume do crânio. Não corrigida, essa alteração leva a variados graus de deficiência mental. Nos idosos pode acontecer uma Hidrocefalia de Pressão Normal, responsável por várias alterações psiquiátricas e neurológicas.

Nas Demência Devido a Outras Condições Médicas Gerais (CID.10) a Hidrocefalia de Pressão Normal aparece junto com outras condições clínicas responsáveis pelo quadro demenciado. Entre essas condições destacam-se a infecção com vírus da imunodeficiência humana [HIV], lesão traumática do cérebro, doença de Parkinson, doença de Huntington, doença de Pick, doença de Creutzfeldt-Jakob, hipotiroidismo, tumor cerebral ou deficiência de vitamina B12. Alguns casos de Psicoses Orgânicas, acompanhadas de obnubilação acentuada da consciência e desorientação podem ser devidas à hipertensão intracraniana por hidrocefalia, mas, nesses casos, não será do tipo "de pressão normal".

Hipertimia

Os Afetos Expansivos são considerados por alguns autores como afetos agradáveis. Isso, em contraposição aos afetos depressivos, considerados como desagradáveis. A tonalidade afetiva dos estados expansivos é de prazer, confiança e felicidade, daí a denominação de afetos agradáveis. Genericamente, o estado afetivo expansivo e conhecido como EUFORIA. Na hipertimia ou estado de ânimo morbidamente elevado distinguem-se a euforia e a exaltação afetiva. A euforia simples se traduz por um estado de completa satisfação e felicidade. Verificam-se elevação do estado de ânimo, aceleração do curso do pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da gesticulação, riso fácil e logorréia. A euforia simples é observada nos indivíduos predispostos constitucionalmente e, em sua forma pura, na fase maníaca, da psicose maníaco-depressiva, nos estados hipoma-níacos, na embriaguez alcoólica, na demência senil e na paralisia geral. Na epilepsia, podem-se verificar estados de euforia simples, nas crises de automatismos mímicos, em geral de duração rápida, que se manifestam por acessos ou crises agudas.

Hipomnésia

A Hipomnésia e a Amnésia podem ser consideradas como graus de hipofunção da memória, ou seja, são diminuições do número de lembranças evocáveis. A Amnésia, por sua vez, seria a desaparição completa das representações mnêmicas correspondentes a um determinado tempo da vida do indivíduo". Bleuler prefere o termo debilidade da memória ao invés de hipomnesia. Ele diz ainda que a Amnésia não precisa ser completa, havendo várias gradações entre o nada absoluto e a lembrança incompleta. Segundo Jaspers, "amnésias são perturbações da memória que se estendem a um período de tempo delimitado, do qual nada ou quase nada pode ser evocado (Amnésia parcial), ou ainda a acontecimentos menos nitidamente delimitados no tempo".

Em seguida, estuda quatro variedades de Amnésia : 1. Primeiro - Há profunda obnubilação da consciência mais do que perturbação da memória. Como nada se pode aprender na obnubilação, nada se pode fixar, ou seja, como nenhum acontecimento atinge a consciência, não será possível alguma reprodução. 2. Segundo - Aqui verifica-se ser possível a compreensão durante algum período de tempo, porém a capacidade de fixação está profundamente diminuída, não sendo possível reter nada. Isso é comum em psicoses orgânicas, notadamente na Korsakov. 3. Terceiro - É quando certos acontecimentos podem ser compreendidos passageiramente, porém as disposições da memória foram destruídas por um processo orgânico bem delimitado no tempo.

É, por exemplo, o que acontece nas amnesias retrógradas, após graves lesões cerebrais, em que desaparecem totalmente as experiências das últimas horas ou dias antes do acidente. 4. Quarto - Trata-se de amnésias extremamente acentuadas, normalmente de origem psicogênica, sendo o principal defeito uma alteração da capacidade de reprodução, apesar da soma das lembranças existentes estar conservada. Nesses casos, muitas vezes a solução é conseguida por meio de hipnose.

Histriônico ou Histérico

O termo Histriônico substitui atualmente o termo Histérico, portanto, são sinônimos. A Personalidade Histérica, referida na CID-10 como Transtorno Histriônico de Personalidade, é caracterizada por um comportamento colorido, dramático e extrovertido que se apresenta sempre exuberantemente. É um dos únicos distúrbios de personalidade mais freqüentes no sexo feminino, onde os pacientes apresentam uma tendência de comportamento em busca de atenção. Os histriônicos tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem não serem o centro das atenções ou quando não recebem elogios e aprovações.

Freqüentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com quem travam conhecimento por seu entusiasmo, aparente franqueza ou capacidade de sedução. Tais qualidades, contudo, perdem sua força à medida que esses indivíduos continuamente exigem o papel de "dono da festa". Manifestam pronunciados traços de vaidade, egocentrismo, exibicionismo e dramaticidade.

No afã de representar um papel que lhes é negado pela vida ou por suas próprias limitações pessoais, os histriônicos fazem teatro para si e para todos os demais, a sua grande platéia. Pode haver fases onde eles já não sabem onde termina a realidade e começa a fantasia, passando a acreditar em seus próprios mitos e em suas próprias encenações.

Às vezes, devido sua excepcional teatralidade, esta tendência em polarizar as atenções é perfeitamente dissimulada sob o papel de coitadinho(a), ou de um retraimento social tão lamentável que é capaz de chamar mais a atenção que uma participação mais normal. As mães com esta personalidade podem idealizar manobras que objetivam fazer seus filhos se compadecerem de seu estado "lastimável" e provocar arrependimentos vários. São pessoas que estão sempre a se queixar de incompreensão mas jamais tentam compreender os outros ou entender que os outros não têm obrigação de compreendê-los.