Oligofrenia

As vítimas da oligofrenia eram em geral mantidas em isolamento até a segunda metade do século XX, quando sua integração na comunidade passou a ser um dos principais objetivos no tratamento. Oligofrenia é qualquer estado caracterizado por níveis intelectuais abaixo do considerado normal e por um reduzido comportamento adaptativo, que se evidenciam na fase de desenvolvimento do indivíduo.

Classificação. A maneira mais comum de identificar a oligofrenia é a aplicação de um teste de inteligência. Considera-se que um indivíduo exige cuidados e educação especiais quando seu quociente de inteligência (QI) situa-se abaixo de setenta pontos. Classifica-se o retardamento de acordo com sua gravidade e com o desenvolvimento físico e social do indivíduo. A grande maioria dos oligofrênicos apresenta uma forma menos grave de retardamento, com QI entre 53 e 70. Por meio de educação especial, podem beneficiar-se do ensino acadêmico e pré-vocacional.

Seguem-se os que apresentam grau moderado, com QI entre 36 e 52. Esses têm capacidade de falar e cuidar de suas próprias necessidades básicas, podem receber educação acadêmica funcional e realizar trabalho semi-especializado em condições especiais. As vítimas de retardamento grave, com QI de 21 a 35, demonstram pouco desenvolvimento motor, limitada capacidade de comunicação e eventualmente deficiências físicas; mas têm capacidade de falar e cuidar de suas necessidades básicas, assim como de contribuir para sua própria sobrevivência quando acompanhados.

A menor percentagem dos retardados, a dos que apresentam retardamento profundo, demonstram reações mínimas, deficiências físicas secundárias, desenvolvimento motor e capacidade de comunicação reduzidas; podem executar apenas atividades de trabalho altamente estruturadas e seu internamento é quase inevitável. A correlação entre a capacidade de aprendizagem e os níveis de QI é aproximadamente a seguinte: educáveis, 50 a 75; treináveis, 25 a 50; sob custódia, 0 a 25.

Causas e educação. Formas graves e moderadas de retardamento podem advir de fatores ocorridos antes, durante e após o nascimento. Entre eles estão: problemas genéticos, como a síndrome de Down, desordem congênita causada por um cromossomo extra, que dá à pessoa um total de 47 cromossomos, ao invés de 46; doenças infecciosas, como a meningite; malformações congênitas; problemas de metabolismo; envenenamento por radiação, chumbo ou outros agentes tóxicos; ferimentos na cabeça; desnutrição. Casos menos graves de retardamento progressivo podem decorrer de privações econômicas ou culturais na primeira infância.

Muitos oligofrênicos demonstram capacidade de integração na sociedade como membros produtivos e quase independentes. Mas na maioria dos casos são necessários treinamento especializado e orientação permanente para o processo de adaptação. O acompanhamento domiciliar é em geral necessário não só para os portadores das formas mais graves de retardamento, como também para os retardados idosos.

Quanto mais se assemelha à vida familiar, mais eficiente é o tratamento. Os serviços residenciais e grupos domésticos são em geral instalados em apartamentos e casas. A educação especializada é o melhor caminho para a auto-suficiência. No final do século XX evidenciou-se como uma das principais tendências a integração de crianças retardadas em escolas de currículo normal ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.